9.22.2005

IDIOTAS

IDIOTA, adj. e s. 2 gen. Pessoa atacada de idiotismo. Pessoa estupida. Completamente destituido de inteligencia. Que revela estupidez: olhar idiota.

Apesar do tom extremamente agressivo da definicao, estamos todos de acordo. Um idiota eh uma pessoa particularmente ignorante. Inconveniente. Estupidificante. Um idiota eh aquele que, com o olhar perdido num qualquer objecto, parece pensar em assuntos importantes como o aquecimento global, a escassez de agua ou a fome em Africa, mas que provavelmente esta a pensar no que comeu ontem.
Um idiota eh aquele que exclama escandalizado nao-eh-droga-eh-soh-ganza, ou aquele que vai a correr para a fila de um self-service, pisa e acotovela e esmaga, para ser um dos primeiros e depois vai deixando passar pessoas ah sua frente por estar indeciso.
Um idiota eh aquele que nao percebe que eh indesejado em todo o lado mas estah sempre a dizer que se estiver a ser muito chato, que o mandem embora. E quando realmente o mandam embora, ele solta um sorriso logicamente idiota e atira um sua-brincalhooona... seguido de um gostas-pouco-gostas.
Um idiota eh aquele que diz insistentemente que quem mais jura, mais mente e justifica todas as suas accoes ou nao-accoes com proverbios populares.
O Murphy eh um idiota. Se nao tivesse inventado aquela lei idiota, hoje eu nao teria perdido tanto tempo a abrir a porta da garagem. O problema surge quando tentamos usar a ultima chave que usariamos, numa tentativa idiota de contornar essa lei estupida, e a lei prevalece. Lei eh lei, e o resto sao batatas. Idiotas.

9.20.2005

Bom Natal

Um dos meus sonhos é o de ver realizado todos esses sonhos. Sonhos de Natal... Há tantos. Sempre houve. E o hino de Natal mais conhecido no mundo é certamente o ‘Noite Feliz’. Já foi lido e cantado em mais de 300 línguas e dialectos. Mas apesar de se cantar ‘Noite feliz, noite de paz...’, poucos são os que têm direito a ela. Eu desejo que essa Noite se estenda pelo dia e pelos dias e noites seguintes, e que chegue a todos. Desejo que as pessoas que são felizes e não sabem, se apercebam disso. Que percebam que o amor é a base da existência, e o fim último. Porque só vivemos quando amamos. Quando as coisas não nos são indiferentes. Amar o dia, o sol, o som das gargalhadas de um amigo, o verde das árvores, o café que se entornou na camisa, o poder andar e falar e pensar e reagir, e até sofrer – doces privilégios de quem vive. Mas que se sofra apenas quando necessário e durante o mínimo possível, porque a depressão é um equívoco, que contagia os outros e só torna a vida mais difícil. Enganemo-la com um sorriso. Pensamento positivo. Dar, não só para receber. Dar, porque sabe bem dar. Parafraseando o poeta Saadi, quando morrermos só levaremos connosco aquilo que tivermos dado. Bom Natal.

O teu beijo ainda hoje sinto.

E os meus olhos choram, ardem e enchem levemente, como uma maré, para depois se esvaziarem.
Lágrimas de dor, de perda, de saudade, de amor.
Lágrimas que se curam com um beijo teu. Se mo desses.
Se mo desses.
Sinto uma dor, uma falta, um vazio.
Um desconforto, um desinteresse, uma perda.
Uma flor que é pisada sem querer. Sem ser notada.
Uma lua brilhante e bonita, que ninguem estah a ver.
Um calor que ninguem sente.
Um vazio permanente.
Sinto uma dor. Uma dor que se cura com um beijo.
O teu.

Mais um poema sobre...

Ontem percorri o mesmo caminho que fazia todas as noites, quando vinha da tua casa. Percorri o caminho com lagrimas a descerem suavemente pelos contornos do meu rosto. Percorri esse caminho com tanta saudade. Tanta saudade. Como gostava de poder ainda percorrer o teu corpo. Com o olhar, com as minhas maos, com a minha lingua. Com o meu corpo. Desviei-me dos mesmos buracos que vezes sem conta me desviei. Esperei nos mesmos semaforos. Curvei as mesmas curvas. Mas desta vez, nao vinha da tua casa.

Escrevo porque sim...

Há muito tempo que não escrevo aqui. Para mim. Para vocês. Para quem me esteja a ler. Para quem me leia com atenção. Para quem me leia na diagonal. Escrevo aqui o que quero e o que não quero. Os meus dedos já há muito que me deixaram de respeitar. Escrevem sem pensar e esqueço-me que muitas vezes o silêncio é de ouro. Crescer, custa. Custa muito. Há tantas coisas boas na vida, e tantos desesperos. Uns feitos, outros desenhados, outros inventados, outros inevitáveis. Crescer custa. Viver com as consequências também. O olhar vai amadurecendo. Não que perca o brilho, mas conhece mais, descobre menos. Surgem responsabilidades. O tempo escasseia. E quem não faz nada que goste em cada dia, não vive esse dia. Começamos a trabalhar. Ganhamos o nosso primeiro cartão pessoal da empresa. Orgulhamo-nos por nos terem chamado para trabalhar. Espantamo-nos com o que acabamos por conseguir fazer. Interessamo-nos pelo que fazemos. Mas o lazer ficou em casa. Ficou naqueles anos de estudante em que não se fazia nada. Naqueles tempos em que stressavamos com uma frequência mas que tinhamos mais de metade do dia por nossa conta. Continuo feliz, como sou. Continuo alegre, porque não tenho razões para não ser. Tenho uma família que me ama e faz tudo por mim. Tenho amigos com quem tenho a certeza que posso contar. Tenho muitas coisas boas, mas de vez em quando a vontade de sair e ir ter com o mar e surfar a tarde toda fala mais alto. Ser enrolada. Gritar quando consigo dropar. Perder-me nas horas do dia, voltar quando tenho sono. Comer quando tenho fome. Dormir quando quero, divertir-me. Hoje sonhei com a minha mãe e com a minha avó. E que tinha pegado numa bebé ao colo. Essa bebé era eu. E isto não é nenhuma metáfora, apesar de também poder ser interpretado assim. Foi dos sonhos mais estranhos que já tive. Peguei-me com cuidado, porque nunca tinha pegado em bebés ao colo. Carinhosamente tirei-me dos braços da minha mãe e disse-me, aproveita esses anos, e não tenhas pressa de crescer. Quando somos pequenos, queremos ser grandes. Quando somos grandes, queremos ser pequenos. Talvez precise de um amor. Como já tive. Só assim é que sabe bem crescer... Não se preocupem, não ando triste. Não aconteceu nada de mal. Não fiz nada de mal. Só cresci.

E lembro-me de ti

Por muito que quisesse não consigo dizer-te o que sinto. As palavras atropelam-se, outras ficam tímidas. O meu corpo esconde-se bem ao lado da minha alma. E a minha boca humedece. Só quero amar-te. Outra vez. Adormeci a pensar em ti. E vi-te logo a seguir. Mas os meus desejos são cansaços e os meus sonhos são só sonhos. Tive-te tanto tempo e por tão pouco. Se soubesse, teria escutado a tua voz em vez de te ouvir apenas. Teria saboreado o teu sabor em vez de te provar. Teria sido feliz num banco de jardim. Enquanto te esperava. Quando te encontrava. Teria sido feliz numa ida ao supermercado. Numa fila de trânsito. Numa briga. Porque te tinha. Teria rasgado a minha cara ao sorrir. Rasgado o meu corpo ao me abrir. Ter-te-ia beijado por tudo, por nada. Ter-te-ia amado porque te amava. Quero amar-te agora em demasia. Quero dar-me a ti. O tempo tem corrido. E a dor, quase passou. Não digo que te esqueci. Digo apenas que consigo falar em ti sem chorar.