9.20.2005

E lembro-me de ti

Por muito que quisesse não consigo dizer-te o que sinto. As palavras atropelam-se, outras ficam tímidas. O meu corpo esconde-se bem ao lado da minha alma. E a minha boca humedece. Só quero amar-te. Outra vez. Adormeci a pensar em ti. E vi-te logo a seguir. Mas os meus desejos são cansaços e os meus sonhos são só sonhos. Tive-te tanto tempo e por tão pouco. Se soubesse, teria escutado a tua voz em vez de te ouvir apenas. Teria saboreado o teu sabor em vez de te provar. Teria sido feliz num banco de jardim. Enquanto te esperava. Quando te encontrava. Teria sido feliz numa ida ao supermercado. Numa fila de trânsito. Numa briga. Porque te tinha. Teria rasgado a minha cara ao sorrir. Rasgado o meu corpo ao me abrir. Ter-te-ia beijado por tudo, por nada. Ter-te-ia amado porque te amava. Quero amar-te agora em demasia. Quero dar-me a ti. O tempo tem corrido. E a dor, quase passou. Não digo que te esqueci. Digo apenas que consigo falar em ti sem chorar.