6.26.2011

Prazo de Validade

Desde que eu me lembro a vida passa a corer
Mais que tudo isso é uma corrida p'ra morrer
Diz-me tu se a contagem do meu aniversário
São os anos que já fiz ou os que me faltam fazer
Eu sei que é difícil viveres só no presente
Tens de aprender a deixar ir o que temes perder
Nada é realmente teu nem a vida te pertence
Até a alma neste corpo é um estado latente
Lamentares-te com tudo é típico do mundo
Desculpares-te com a idade é puro teu refúgio
O que interessa é o que fazes ao longo do tempo
Mais vale 30 bem passados do que 80 anos de vento
Antes dos 18 não podia sequer pegar no carro
Vê lá se isso me impediu de pôr nos lábios um cigarro
Aos 50 ouvi dizer que chega a tal da menopausa
Já te disse que no sexo não faço não faço pausa
Eu não sou um iogurte com prazo de validade
Nem tão pouco uma foto num cartão d’identidade
Não me digas que vou tarde tu não sabes pr’onde vou
Sei que se não for agora a oportunidade voou
Do modo como falas fala um atum enlatado
Vives a vida preso a regras para mim estás entalado
Se te conto dos meus planos dizes p’ra eu ter cuidado
Não subas assim tão alto tu já foste magoado
Mas eu corro e vivo a 100 porque morrer é estar parado
Não me chames de falhado essa frase dá-me asco
Para mim já falhou quem nunca sequer tentou
Sou um cavalo alado eu não me fico neste pasto
Para ti é sempre tarde mas depois não mexes palha
Dizes que vivo pelo risco diz antes que eu arrisco
És uma ovelha no rebanho mas recusas-te a ver
Fiz só ontem 30 anos diz-me lá estou a morrer?
Na vida não faço pausa já disse não faço pausa
Ouviste não faço pausa repito não faço pausa
Palavra não faço pausa amigo não faço pausa
Esquece não faço pausa não faço não faço pausa

2 Comments:

At segunda-feira, 27 junho, 2011, Blogger António Amador said...

:) bem vinda ao mundo dos vivos (ou supostamente vivos). Agora que estou de partida é que decidiste voltar a escrever. Há locais onde as ligações não são grande coisa. Mas vou tentar ler.

 
At quinta-feira, 30 junho, 2011, Blogger bacsilva said...

Há latas de atum. Há latas de sardinha. E conheci mais recentemente que também há cavalas. Tens em caldeirada, de tomatada, picante ou não picante, mais exótico ou menos. Mas sempre enlatado... Em água, óleo ou azeite. Coloridos ou mais discretos. Mas sempre de metal. Sempre secos. Sempre o mesmo. Sempre. Sempre. Sempre. Que palavra esta... Sempre....

Eu quero peixe fresco. Quero a minha vida uma lota todos os dias. Cheiros, escamas e sabores sem fim. Quero sonhar com São Tomé e deixar emergir o sangue brasileiro que há em mim. Quero o samba, a feijoada, a 'malandrage'. Quero as cores de África que aromatizaram os preâmbulos da minha concepção. Quero ser Terra, quero sentir a Mãe.
Não quero peixe em lata.

(parabéns atrasados. sem ser em lata).

 

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