Luanda, onde estás tu?
Homens incompletosCom uma perna das calças
Enrolada de qualquer jeito
E sem serventia
Coxas que terminam de repente
E sapatos encaixados
Em pernas postiças
Cidade de cicatrizes e cruzes
Antes eras florida
Agora tens mortos de guerra
Plantados nos teus jardins
Os que ainda sobram estão sós
Exaustos e famintos
Arrastam-se pelas ruas imundas
E afastam as moscas que voltam
Uma história com final infeliz
É a nossa
Abriga-nos debaixo desta terra
Vermelha e ainda amada
Tem pena de nós
Tira-nos de vez o funje de cada dia
E deixa-nos sangrar até à morte
De Luanda já não me lembro
Mas deve ter sido bonita...