12.03.2009

Abertura fácil

Agora as garrafas de vinho também com são de abertura rápida. Não são só as garrafas de cerveja. Tudo é abertura rápida. De consumo imediato. Momentaneo. Não sei se sou só eu, mas o vinho está no meu imaginário como um momento lento, de apreciação, romantismo até. Mas quem é que pode ser romântico se não perder algum tempo a abrir uma garrafa de vinho? Já nao basta a invasão na vida dos outros e na nossa, que com o facebook se faz num abrir e fechar de página? Já não basta o acesso rápido a todas as coisas na internet? Acabaram-se os momentos românticos, o tempo da descoberta. Agora sabe-se tudo no momento. E já ninguém se conhece devagar. Basta ir ao facebook ou fazer uma procura no google, e sabe-se praticamente a vida toda dessa pessoa. Os miúdos de 10 anos já não querem aprender a tocar guitarra, nem treinam horas e horas a fio. Aos 16 anos já ninguém se junta com os amigos nem tem bandas de garagem. Agora são todos estrelas de rock na Xbox e fazem todos tours mundiais com os amigos virtuais. Para quê perder horas por semana a aprender bateria quando se pode ter mil fãs novos todos os dias no mundo virtual? É o mundo do resultado fácil, da abertura rápida, do final da linha. Já ninguém quer saber do caminho. Do antes, agora salta-se para o depois. Tenho saudades do durante. Já ninguém telefona aos amigos, agora mandam e-mails e em alguns casos não assim tão extremos deixam-se posts no twitter e no facebook. Já ninguém pergunta ao pai ou ao amigo onde fica este ou aquele restaurante. Agora pergunta-se ao google. Por favor, tragam-me de volta uma garrafa de vinho com abertura lenta.