1.13.2009

Na Áustria, a vida é diferente

Na Áustria o Natal é mais rápido. Janta-se em 5 minutos porque as salsichas comem-se depressa e ninguém tira os olhos do prato. Num minuto trocam-se as prendas porque só há uma prenda para a cada um. E como também não trocam beijos não se perde tempo com isso. O ritmo de vida é tão acelerado que qualquer austríaca que engravide, expulsa o filho depois do primeiro semestre.
Na Áustria, os bebés não são irrequietos. Não se conseguem mexer com tanta roupa. Também não choram, sabem o quão desconfortável é ter a cair dos olhos estalactites.
Na Áustria, as pessoas levam multa se não atravessarem na passadeira e andam mais depressa porque devagar correm o risco de congelar. Também não sorriem na rua para não resfriarem as gengivas. Em casa, se se riem, o riso é prontamente auto-interrompido e justificam-se aos familiares ou amigos. Nos supermercados, as caixas parecem linhas de montagem de uma fábrica. Se demorarmos muito a guardar as compras, ficamos sem os dedos.
Na Áustria, os deficientes podem andar sozinhos em todo o lado porque há acessos fantásticos para eles sejam totalmente independentes. Se não fosse assim não sairiam de casa porque não teriam quem os ajudasse. Todas as passadeiras de peões foram pensadas também para os cegos. Existe um som que orienta o cego para atravessar a passadeira. Mas o som está lá quer passem carros quer a estrada esteja vazia. Talvez seja por isso que nunca vi um cego na rua. Já foram mortos pelo sistema.
Na Áustria praticamente não há desemprego nem sem-abrigo. Os que dormem nos bancos de jardim morrem de frio. E também não há pedintes por aqui. Como pedir é crime, são imediatamente levados pela polícia. Talvez seja por isso que ninguém pede desculpa ou com licença. Se algum estrangeiro está a impedir o caminho, o austríaco tenta ultrapassar o obstáculo em silêncio ou espera que o estrangeiro acabe de atar o sapato. Não falam qualquer palavra mas depois emitem um som de desagrado quando o caminho está finalmente livre. Na Áustria, antes de qualquer pergunta a um desconhecido eles avisam que vão faze-la. Dizem: Uma pergunta. E continuam. Ainda estou um dia para responder: Uma resposta. Ou se a pergunta me surpreender, digo: Uma exclamação.
Mas também, na Áustria não é de bom tom perguntar que gritos foram aqueles ou porque é que a filha do fulano nunca mais foi vista. Talvez seja por isso que na Áustria seja possível guardar-se filhos na cave durante anos sem que ninguém note.
Para os austríacos, um dia divertido é passá-lo em filas para fazer snowboard e depois em filas para comprar salsichas. Para eles, um com 2 graus positivos e 5 minutos de sol que não aquece ao meio-dia é um dia bonito. Se não fosse assim, não havia dias bonitos na Áustria. Mas o que falta em calor, existe em organização. Na Áustria todas as regras são cumpridas e quando um estrangeiro não as completa até o ser-se atropelado por uma bicicleta se torna possível. Quem quiser viver a experiência, basta que em vez de andar nas faixas reservadas para os peões, ande nas faixas para bicicleta. Por norma ouve-se uma campainha que avisa a aproximação do ciclista e depois, o embate. Eles não param porque estão dentro da lei.
Na Áustria, a qualidade de vida é sem dúvida superior e está a léguas de países como o Brasil. Até os ladrões são diferentes. Os ladrões brasileiros roubam porque têm fome, os austríacos roubam de barriga cheia. Ladrões? Mas o que estou para aqui a dizer! Não há roubos na Áustria, há objectos perdidos.