No escuro vou deixar de te ver
Quando nos encontramos no 202, é sempre tão cedo ou tão tarde que somos como dois evadidos que se descobrem na noite fugitiva.Subimos para o nosso esconderijo e tu roubas-me as roupas. E com elas vai errante o músculo que bate ansioso por ti em mim.
Deitada ao teu lado, o meu corpo é a extensão do teu. E pela janela semi-aberta vejo os ramos das árvores pouco nítidos contra a cor do céu. Contra a cor da tua cama.
Deixas-me o corpo dorido.
E descubro que nos teus lábios é o sabor da dor que me atrai.
Extrais-me o sangue em movimentos ritmados e roubas-me o corpo num assalto desigual.
Eu roubo-te as roupas. Tu roubas-me a alma.
Ladrão.
Fechaste-te em mim e fugiste.
Foges de mim ou de ti?
51 Comments:
bem...roubando as palavras do J., há palavras que nos deixam assim. Sem palavras.
Eu fujo de mim tantas vezes,axo q todos fugimos,uns mais q outros...
Mas ta mesmo mt bom zofi,será q um dia vais perceber q tens de publicar a sério?já vais tarde zofi*********é q tocas as pessoas,fico sempre a pensar quando leio coisas tuas,e tens pensamentos muito bons.vá, não te babes mais****
Tu miúda, tás lá ! Soltas-te assim, gnd poeta ! Sempre soube que ias ser famosa :P
Temos de ir surfar p me autografares a tábua !! um dia vai valer mt dinheiro :P
Gnds beijos
Ladrão da Alma, seria o caso.
Os pensamentos ninguém mos rouba...apenas me levam a direcção em que eles fluem quando me roubam a alma e me devolvem os beijos.
Gostei muito, Sofia.
Isso foi uma metáfora para sexo? se foi eu apresentava queixa na policia. que gajo mais bruto... f*****
X
X, eu sei quem tu és. Só para que saibas :P
E não, não foi uma metáfora para sexo. Tranquilo. Foram apenas umas quantas :P escolhas :P de palavras para transmitir sentimentos.
By the way, eu nasci em 1981 e não no dia 4 de Abril de 2006 :P
Ahahaha...
Fica bem :) Bjs.
João, amigo, gostei muito: Ladrão de Alma. É um conceito muito interessante. Muitos beijinhos. :)
Diogo, primeiro tens de aprender a ler :P depois podes ler os meus poemas. Não adianta elogiá-los sem os leres, não caio nessa vanessa :) graxista :P
Beijinho amigo.
Ricardo, o meu teclado estragou-se com a água que caiu da minha boca. Obrigadinha.
Olha, afinal vou ao jantar da Sara. Beijos.
inspira, expira...
o 202 é metafora para alguma coisa ?
Olá :) Inspiro.
O 202 não é uma metáfora. Supostamente é o número de um apartamento. :) Expiro.
Beijinhos ;)
És novo no bairro? Seja bem vindo.
esse "supostamente" deixou me baralhado.
e que é isso do "sabor da dor" que te atrai? dor nos labios ou dor interior ?
Se eu te tirasse a dúvida teria de te matar. E isso não está nos meus planos :)
Novo no bairro?
se eu responder, tu respondes as minhas perguntas ? afinal de contas sao sobre o teu post. nao respondendo estaras a ir directamente contra a logica e a essencia ddo blogging ou la cm se chama esta coisa de fazer blogs...sou novo no bairro :)
Agora calaste-me, ou quase ;)
Mas sabes que se eu vos explicar o que eu senti ao escrever determinadas palavras estou a dar-vos as minhas sensações, e eu gosto que quando me lerem sintam. Apenas sintam.
Cada um interpreta os meus conjuntos de palavras consoante as suas experiências, sensibilidade... Sempre de maneira diferente. Até porque cada um lê e vê o que quer ler e ver. :)
Importa mais o que tu sentes quando me lês. :)
Beijinhos.
E eu gosto de te lêr =P
E fugimos mais de nós do que qualquer outra coisa ou alguem, sem dúvida
Bjo gata das botas*
compreendo. perguntei precisamente pela dificuldade em sentir apenas o q leio. é uma questao experiencia vS leitura.
gosto do que escreves e sobre o que escreves
beijinhos
ahh...e acho q as almas nao se roubam, dao-se, ou deixam-se roubar se preferires; embora eu ache q nao o disseste nesse sentido literal
Alaska Crab Fisherman ;)
O Padre António Vieira dizia que um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.
Os meus poemas são quase sempre, ao extremo, sobre mortos que vivem. E sobre ladrões de almas (isto lembra-me que tenho de tentar variar). E sim ;) leste-me bem, não o disse no sentido literal, até porque acredito que beijos roubados são sempre beijos dados. Pelo menos os da miúda do poema. ;) Quanto ao que ela quis dizer com o ter descoberto nos lábios dele o sabor da dor que a atraia... não sei de te consigo dizer o que ela quis dizer com isso. Quer dizer tantas coisas. Mas acho que mais uma vez me leste bem, é uma dor interior, e uma dor física. Uma coisa que doi mas que dá prazer, porque significa que existe, quando existia.
É isso, uma coisa viva. :)
Beijinhos, homem fixe do Alaska. :)
Franchesko, beijos grandes miúdo. :)
zofia... uma dúvida: escreves as duas visões da mesma cena ou os papeis invertem-se ? (desculpa a confusão da pergunta mas repetes a mesma frase duas vezes com sujeitos diferentes... "tu roubas-me as roupas" "eu roubo-te as roupas")huumm.. ok também podem ser momentos distintos na sequencia igual... eu hoje estou pensativo...
um aperto de mão e um sorriso ;)
Hoje é segunda-feira. Não me faças perguntas difíceis. Na terça respondo-te ;)
Beijinho e outro sorriso para ti.
;)
as segundas feiras despertam em mim a vontade de pensar em coisas. e de ser complicado. às terças descomplico.
;) ehehe, que piadinha fácil a minha. O que eu não faço para ter agora aqui 24 comentários. :)
São momentos distintos. :)
Beijinhos.
gracias! (e viva os 25!)
De nada (26) ;)
nao percebi qual é a vantagem numa dor interior. entao ela é atraida por ele devido a propria dor interior que sente ? tb n percebi essa do existe qd existia...se calhar é de ser segunda feira... ;)
(só mesmo para aumentar o número de comentarios) não tenho acesso ao teu e-mail, mas deixei-te o meu. escreves-me?
Ola homem fixe do Alasca. :)
Como foi o teu domingo? ;)
Só vejo duas vantagens nas dores interiores: experiência e crescimento. :)
A dor que doi mas dá prazer, é a dor física. Se alguém te morder num beijo, pode doer e saber bem, porque também significa que tens os lábios da outra pessoa nos teus.
A dor interior pode estar ligada ao conhecimento de que tens no momento apenas o corpo do outro. E isso pode trazer-te dor.
Quanto ao existe ou existia. Na altura do poema, para a miúda do poema, existe. Sempre que o leres, a miúda sente isso. Mas o tempo passa... e como dizia Luís de Camões:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Beijinhos :)
Sof.
Meu deus que dissertações logo à 2a, é preciso determinação...e tendo eu tempo livre hoje, vou aproveitar para mandar o meu bitaite...
poria a minha questão no seguinte (dando uma de filósofo):
As experiências vividas são por si mais intensas que as experiências relatadas, mesmo que vividas pelos próprios relatores ou então ficcionadas. Como transmitir uma sensação por exemplo de dor ou prazer, mesmo metaforicamente ou sublimando a experiência através da poesia sem a trivializar através da utilização de palavras?
Dando-lhe um cariz voyeurista? (ou seja, falando numa perspectiva em que o leitor imagina que foi o autor/a que passou por ela). Ou passando a acção para o leitor, como se fosse ele a viver a coisa?
Creio que aqui se encontra um pouco de tudo, mas...no meio de roubos de roupa, prazer, almas, dor e afins quem é que ia ter tempo para reparar nos ramos das árvores do lado de fora da janela ;)
Isso a mim só me diz que foi que a alma ficou, a ver o que se passava lá dentro...
Mak, o filósofo de tanga...
Boa tarde!
Queria apresentar uma queixa.
Uma não, várias. Mas vou começar pela primeira. Aí vai: vi por aí alguém perguntar se 202 era uma metáfora de algo. Gostava de colocar uma questão, não retórica. Vós mestres da língua portuguesa não estarais a abusar da "metáfora" para classificar qualquer uma figura de estilo? Ou seja, não estarais vós a usar a palavra metáfora como metáfora de uma figura de estilo? Se bem me lembro metáfora é uma comparação sem termo comparativo, como coração de ouro, rio de sangue, etc. e tal.
Metáfora para 202 não creio que esteja correcto, mas e daí se calhar está :). Enfim são pormenores de gente mesquinha. Adiante, segunda queixa. Ou não queixa. Sra autora o 202 é de facto escolhido de propósito ou tanto poderia ser o 202 como o 404 como o 23? é apartamento ou hotel?
se for hotel sabemos à partida que o quarto(ou suite) fica localizado no segundo andar. O que nos dá achegas assaz interessantes em relação ao futuro das personagens do poema. Ou seja, se por ventura alguma tentar o suicidio por via clássica do salto para o desconhecido numa variação de salto de peter pan (wendy i can fly...)o resultado que mais seguramente alcançará será uma ou outra perna partida. Portanto, e brincando aos médicos legistas, um corpo espalmado no meio da avenida de um dos nossos dois artistas pressuporá um empurrão deliberado e não um salto premeditado.
3ª queixa - no poema é de noite. No entanto a autora refere " pela janela semi-aberta vejo os ramos das arvores pouco nítidos contra a COR do céu... lamento a minha ignorância mas não estou a ver qual é a cor do céu durante a noite. Se calhar refere-se antes ao lusco-fusco ( 5- 7 minutos) ou ao carmim do por-do-sol?
4ª queixa - "extrais-me o sangue em movimentos ritmados" - isto dever-se-á ler em registos simbólicos ou estaria a personagem a referir-se àquela situação desagradável de ser levada compulsivamente ao acto sexual durante aquele período do mês sensível. É que neste caso, estaremos mais uma vez perante um caso de polícia.
Mas a fixação da autora em casos de polícia continua por aí adiante, assalto desigual, roubo.
Em relação à questão do roubo: a personagem feminina queixa-se que o seu companheiro é ladrão por roubar a alma, uma questão de díficil prova em tribunal. Mas a personagem feminina que se cuide, pq se o seu companheiro se lembrar de apresentar queixa por falta das suas roupas, a objectividade da queixa torna a vitória no caso perante um juiz mais clara.
Enfim, deixando de parte esta parvoíce que escrevi. Gostei imenso do teu poema.
Porque o epílogo transpira tanto a dor da perda e da desilusão.
Mas não tanto pelo que escreves porque aí acho que caíste num cliché. No entanto, mesmo nessas tuas palavras "clichecizadas" nota-se muito bem o sofrimento da desilusão.
Mas só não percebi uma frase, na qual tu usas para mim a expressão mais bem conseguida do teu poema, aquela que me transmite melhor a vivência e o pulsar do teu poema - e com elas vai errante o músculo que bate ansioso - é que tu colocas isto após o "tu roubas-me as roupas". Ou seja parece que despida das roupas se vai o coração palpitante. Estou certo?
Já escrevi demais :)
MAis uma vez parabéns pela dança de sensações que provocaste. Só um achega à discussão, é claro que a maneira como sinto o que se escreve é diferente da maneira que o António ou a rita lêm. A leitura que se faz e as sensações despertadas dependem da experiência de cada um, da sua inteligência das palavras e da sensibilidade.
Deve ser por isso que o que extraí do teu pequeno texto foi a desilusão em relação à primeira excitação prévia de um amor e a sensação de traição, por se ter dado tudo e em troca receber o sofrimento da perda
Beijinhos!
Queixa número 2
O número real não é o 202. E sim, podemos dizer que, se for realmente, é o número de um apartamento.
Fartei-me de rir com a tua visão sobre o futuro das personagens do poema.
Queixa número 2
Se a noite estiver iluminada pela lua cheia, consegues ver uma cor escura no céu. Não falei em vermelhos nem em azuis-bebé. E ao extremo, tu podes ver o que quiseres, mesmo no escuro.
Queixa número 0
O ladrão só rouba as roupas à menina porque com elas levava também o coração.
Mas o ladrão é impecável. Não há qualquer sentimento negativo em relação a esse ladrão. :)
Até porque toda a gente sabe que eu não gosto de polícias.
Só uma achega à tua achega. Não há qualquer sentimento de traição. Os ladrões podem ser honestos.
Depende do roubo, de como se rouba...
Este ladrão é honesto.
Beijinhos. :)
Mak, filósofo mau,
Dissertaste muito bem e logo à segunda-feira.
:) Beijinhos grandes amigo.
E concordo contigo, as experiências vividas são por si mais intensas do que as experiências relatadas. E daí, a nossa profissão estará em risco? ;)
E então tu és o ladrão ou a vítima?
gostei de saber que se sabe que há ladrões honestos. eu conheço alguns, e às vezes sinto-me um deles. está a ser uma segunda feira muito intensa, propicia para uma imperial bem fresquinha e com o copo gelado ;)
Eu?
Já fui o ladrão. Já fui a vítima.
(Não gosto da palavra ladra, faz-me lembrar os cães que ladram e a caravana que passa).
Queres saber da miúda do poema? Não gosto de dizer que ela é a vítima. Porque ela adorou e faria tudo da mesma maneira.
só quem foi ladrão, sabe que por vezes este pode ser honesto. Para as vitimas é mais dificil perceber essa honestidade.
Quanto à menina do poema.
Tu escreveste-a como adorando a experiência e como fazendo tudo na mesma.
Eu li-a como alguém com uma desilusão profunda.
E li-te como tendo pouca resiliência ao fracasso. Mas optimista e isso é bom!
Beijinhos!
A miúda do poema pode ter ficado desiludida porque com as roupas não lhe roubou também a alma, mas isso não implica arrependimento.
Beijinho, Ah Oui ;)
Nesse âmbito, ladrão que rouba a ladrão tem cem anos sem roupão ou coisa parecida...
Ahahahahahaha.
Brutal, Mak.
Beijo.
vaca que ri, gosto desse nome.
sim, acho que o 202 pode ser uma metafora senao nao o tinha perguntado. mesmo assim estou longe de me considerar um mestre da lingua portuguesa; e sim, tb sou mesquinho senao n estava a responder.
nao tinha lido ate ao fim o comentario da vaca (fiquei a meio...nao sei porque) mas nao acredito que tu quando olhas para o ceu de noite n ves nenhuma cor...tens de olhar mais vezes
beijo vaca
Acho que a vache já não está a rit.
Vá, sejam amigos. :)
Caranguejo pescador de Alaskas, está muito bom o nome...
eu por acaso até pensei que o 202 era um autocarro... e depois pensei melhor!
Eu não ando de autocarro.
Mas ando de metro, ahahahaha... :P
E sim, Alaska. Apesar do número real não ser o 202 e andar lá perto, foi 202 e não poderia ter sido 404. Também o 202 tem uma mensagem escondida. ;)
Está muito frio por aí?
eu sabia, daí ter perguntado ;)
aguenta se bem
Juro que não vejo cor nenhuma no céu à noite... deve ser por andar sempre de oculos escuros... ou entõ por ver o mundo como um ecrã de filmes antigos. Vejo muita gente de bigodinho, com imagem a preto e branco de qualidade duvidosa, velocidade a 2x e toda a gente "muda".
Já agora sou um boi e não uma vaca mas ok, aceito o beijinho do alaska.
o 2o2 é o 22?
Aí até fazia sentido.
mas também 0 33 que é a carreira que acaba no cemitério de Benfica.
já agora o teu blog é muito perverso. A word verification é succks.
Verifica lá isso!
O meu blog tem personalidade :P
Beijinho :)
E sim, o 202 também significa 22. ;)
Sei q disse q comentaria o post da baba, mas é este o q me toca mais...
Tocou lá, mesmo lá... E fui levado para sítios q nao visitava ha uns tempos!
Oh, la libertè... :) É tão difícil ser-se inteiramente livre, e tu faze-lo tão bem...
Obrigado plo q andas a fazer, com consciencia disso ou nao...
Vieste para inspirar, para semear o bichinho da mudança em quem contigo se cruza...
A mais deslumbrante das guerreiras da luz!
Origado!
(E by the way, a tua escrita absorve-nos mais do que um evax ultra fino e seguro! Ehehehe! Bêjus)
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