11.03.2005

O inferno de nunca ter amado

Uma vez um amigo caracterizou-me dizendo que o que mais recordava de mim era o meu relativismo absoluto do Mundo, a favor do amor. Para mim é tudo o que importa. É o que nos preenche, e o que levamos connosco quando morrermos.
Amar. Amor. Amo-te. Palavras que sabem bem quando as pronunciamos, quando as sentimos. A nossa boca insurge-se, sente prazer ao abrir-se, os lábios encontram-se quando deixam sair as palavras, e os ouvidos deliciam-se com a fonética. Sabe-nos bem dize-las. Ouvi-las. Na cama, ao acordar, ao adormecer, enquanto estamos os dois bem acordados. Sabe bem ouvi-las no supermercado, na fila do autocarro, num telefonema a meio da tarde. Um dia de chuva é bom porque amamos e somos amados. Tudo é melhor. Mas ainda assim há pessoas que receiam amar. Cobardes aqueles que nao amam por medo de chorar. Benditos os que choram por amor. O inferno é nao saber amar.