1.05.2006

Amor?

No outro dia, uma amiga pediu-me para eu lhe dar a minha definição de amor. E eu pensei em ti. A ela disse-lhe, para mim, é rever-me nele. Sentir que nos encontrámos, e esperar que nos voltemos a encontrar. É o meu corpo reconhecer o dele como meu. E o meu beijo ser o dele. É sentir-me em casa no deserto, na cidade, debaixo de uma árvore, no meio do trânsito, porque estou com ele. É querer respirá-lo. Deixá-lo respirar-me. É sentir as certezas que não se ouvem. E por isso, sem saber que ele me amava, amei-o. E sem ele saber que me amava, amou. Provavelmente ainda não saberá. Mas sentes? Amar, mim, é isto. É rir-me ou sorrir quando penso nele. Sentir tudo vivo e quente e colorido. É o tempo deixar de correr, ou passar por mim a correr. É o nada ser tudo, porque ele existe em mim. É escrever e nada ser verdadeiramente poético, porque toda a poesia está em nele e em mim e em nós. É querer que ele vá, sem saber se ele volta. É dar tempo ao tempo. É correr o risco de parecer precipitada por falar com tantas certezas do que sinto. É rasgar a boca quando sorrio. Porque penso nele. É rasgar o meu corpo ao me abrir. Para ele. Porque o amor que sinto por ele é maior do que o meu corpo. E preciso de o deixar sair. Para entrar nele. É sentir-me crescer. É sentir que vou explodir se não escrever sobre ele. Mesmo que esconda as palavras e não deixe escapar nada dos textos que me prendem a ele. Escreve-lo numa folha de papel, desenhando o seu nome como se percorresse o seu corpo. Amor. Quatro letras de prazer. E repeti-lhe, para mim, é rever-me nele. E falo nele, porque não quero dizer o teu nome. Porque gosto de o ouvir tão bem dentro de mim. Como um segredo que guardo, e só para mim. Porque eu sei quem és. Sei como te escreves. Guardo-te em sons, em músicas, em palavras, em imagens e em cheiros. Como se te resguardasse do exterior, guardo-te dentro do meu corpo. Onde já estiveste. Onde ainda hoje te sinto. E onde fazes sentido.

18 Comments:

At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Anonymous Anónimo said...

Definiton of Love:

"The affinity experienced between two people who are naturally able and willing to tune into one another's emotional, intellectual, and physical states - and respond to them in a nurturing and a stimulating way."

Não propriamente um shakespeare para serem citados mas duma música dos coldplay:

"And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
could it be worse?"

Tu acreditas que sim? Pode ser que sim. Mas eu penso q vivemos numa incessante procura de algo, que por momentos é o amor, depois qdo o encontras, deixa de o ser, para passares a procurar outra coisa.
Como uma lista de supermercado.

Escola - checked
Emprego - checked
Dinheiro - checked
Amor - checked
Filhos - checked
Casa - checked
....

Como não encontraste o amor, vives para ele. Depois de o encontrares, inevitavelmente e com o tempo vais borrifar-te para ele.


E por aí em diante, sem nunca contemplarmos e saborearmos aquilo que temos, procurando alarvamente a próxima conquista, pq o q temos não nos satisfaz.

Até perdermos o que tinhamos de forma irreparável e passarmos a dar-lhe valor.

E não digas que não és assim pq somos todos.

Achas mesmo q existe amor verdadeiro?

Em termos biológicos não tem significado. Procuras apenas um parceiro cujo fenotipo te agrade para transmitires à prole um genotipo favorável.

E no fim ficamos no mesmo. Julgamos que a nossa vidinha é mto importante, qdo n passa dum cagagésimo do irreal que é o real, e fazes parte da engrenagem natural do sustento da tua espécie e da sua sobrevivência.

Vimos do nada para ir para o nada.
Somos um joguete na mão da Natureza que nos alimenta, para posteriormente servirmos de alimento a mihões de espécies e seres vivos que pululam pelo planeta.

Viva a realidade!

Ps - ve-se que estou com sono e com pensamento de fuga pq isto n tem nada a ver com oq comecei a escrever.
Mas falar da natureza é sempre querido e faz as meninas achar que somos sensíveis. Eu cá gosto de flores e golfinhos.

Ass: Manof the Lix
Manque te Lix(a)
ManGarbage
MüllMann

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Acho que o que dizes faz sentido, sem dúvida. Mas, para mim, isso não vive sozinho. Acho que te falta uma parte anexada a esse universo teu, que é o significado. Porque eu acho que para além de toda a realidade, existe o amor para dar significado a essa mesma realidade. E a minha vida, assim como a tua vida e a de todos é importante se a tornarmos importante. Se realmente nos conformamos em sermos apenas mais uma pessoa que acorda, toma o café, vai para o trabalho, curte aqui, curte ali, vai surfar, toma uns copos, está na hora de casar, casa e tem filhos e depois reforma-se, tens razao, és apenas mais um e procuraste apenas mais um parceiro para transmitires um genotipo favorável. E para além de teres vindo do nada e ires para o nada, és o nada.
Eu acredito que haja amor verdadeiro. De Pais para filhos, filhos para pais, companheiros, amigos, irmaos. E como acredito que o amor exista, ele passa a existir para mim. Cada um faz a sua vida como quer. E eu quero que o Amor seja a maior prioridade, a maior conquista, e o meu maior privilegio. :)
(Também quero isto para ti, by the way).

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Anonymous Anónimo said...

Só uma achega a este tema tão interessante.
Concordo com o Manof the Lix qd ele diz que o amor depois de atingido e vivido passa a ser um dado banal, vive-se e está-se habituado a viver com ele.
Só se reencontra outra vez o amor quando se tem filho(s). E este amor, este sim perdura e nunca acaba, nunca muda. O amor pela pessoa com quem se casou na minha opinião deve mudar. No início é paixão, fantasia, sonhos e realidade ao mesmo tempo e depois torna-se respeito, aconchego, segurança, afecto. Mas isto é natural e até é saudável, penso eu.
Portanto amor, amor como tudo é um conceito relativo. E o mais importante é respeitar as diferentes opiniões.

Assinado: Cabanas

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Blogger Mandrake said...

UI UI

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Beijinho querido.

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Blogger Sérgio Mak said...

Peço antes de mais desculpa, pela ausência das dez linhas em que deveria dissertar profundamente sobre o amor. Sobra-me em humor duvidoso, o que me falta em reflexões passionais.

Mas também eu um dia me dediquei a querer descobrir o que é o amor. Saí à rua e decidi perguntar à primeira mulher que encontrasse. Tive sorte, mal virei a esquina encontrei uma jovem até atraente. Perguntei-lhe:

- O que é para ti o amor?
Ela respondeu-me sorrindo:
- Para ti são 50 Euros...

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Blogger José Diogo said...

"Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.
(...)
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos."

Enorme Pessoa

 
At sexta-feira, 06 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Brilhante. Adorei. :)

Beijinho a todos.

Quando eu era pequena, dois anos por aih, pediam-me beijinhos e eu respondia sempre: Desculpe, mas não tenho tempo.

Sempre fui muito ocupada.

Agora ando é mais lamechas...

 
At sábado, 07 janeiro, 2006, Anonymous Anónimo said...

Apenas quis ir um pouco mais fundo na análise biológica do amor. Para quem me acha viver de acordo com a maré e ao sabor do vento e das imposições da sociedade, quem está de facto anexada irremediavelmente a essa sociedade és tu, pq o "amor" é um produto dela. Em termos biológicos e em prol da diversidade genética, devíamos ser todos polígamos. Nós somos a excepção à poligamia (nós e outras poucas espécies) em que a monogamia serviu como vantagem evolutiva. A Natureza encarrega-se através da selecção natural de fazer estas escolhas por nós. Pq somos animais. Claro que me podes dizer que somos racionais. E é claro que somos e isso é importantissimo na filtragem dos nossos instintos. O Homem é um animal naturalmente polígamo. Mas tb é racional. Vamos ser assolados, mesmo quando casados e mto felizes, e com um profundo amor-respeito pela outra pessoa por vontades e instintos naturais, que nós, pela nossa racionalidade, vamos conseguir reprimir pq ha outros sinais enviados pela nossa parte consciente. Mas essa vontade/instinto está lá, é natural, saudável e não tem mal nenhum. A escolha entre o sim ou sopas é feita ao critério de cada um, e da sua educação/valores/cultura que aprendeu ao longo dos anos.


Se me perguntares oq é amor, para mim é respeito e uma amizade infindável por uma pessoa (na nossa vertente racional), aliada ao nosso instinto procriador e sexual.

Tal como a fé não se discute.
Mas tento à luz do que sabe por eqto responder com alguma objectividade.

COm subjectividade, dizem-se algumas palavras bonitas recheadas de poesia. Que ficam bem numa história e que são doces para os olhos.. Mas será que mesmo em ti, têm alguma relação com a realidade e a maneira como vives esse teu suposto amor? Não creio. Mas não sou ninguém para te julgar a ti ou quem quer que seja.

"Acho que te falta uma parte anexada a esse universo teu, que é o significado"

Eu não acho que me falte nada. O que escrevi não tem a ver com a forma como vivo o meu amor. Não sou propriamente um scrooge desprovido de sentimentos, nem um frustrado solitário. Eu tenho um significado e não podes ser redutora ao ponto de mo sonegares por uma análise crua.
Se me senti picado?
Sim, pq acho que és demasiado rápida a tirar conclusões absurdas a quem tenta analisar assuntos de uma forma mais objectiva. Isto lembra-me as "nossas" discussões acerca do "ver" e dos nossos "sentidos" em que fui acusado (e mais uma vez o fui) de viver a vida por ela sem me questionar.
Acho-te uma rapariga inteligente, mas tens uma sofreguidão tão grande em publicitar(-me) a tua sensibilidade (que de facto fica bonita e soa magistralmente bela, com encanto, na maneira como lidas e tratas a palavra)que te perdes na análise do que escrevo na sofreguidão de tentares ser o contraponto a uma ideia pré concebida (numa frase empreguei por 2x a palavra sofreguidão. Fica aqui o reparo estilistico, mas estou sem pachorra para pensar em sinónimos)

"Se realmente nos conformamos em sermos apenas mais uma pessoa que acorda, toma o café, vai para o trabalho, curte aqui, curte ali, vai surfar, toma uns copos, está na hora de casar, casa e tem filhos e depois reforma-se, tens razao, és apenas mais um e procuraste apenas mais um parceiro para transmitires um genotipo favorável"

E és mto ingénua, se pensares que a TUA vida é mto diferente disto hein? - só para te picar - o hi5 é o protótipo de programa usado pelos que são diferentes e que vivem a sua vida de maneira especial. Menosprezas a felicidade que cada um retira do que escolheu para seu estilo de vida, eqto tu fazes (quase) exactamente o que "eles" fazem com algumas nuances.
Para iluminada pareces-me um belo cordeirinho. :P

"E para além de teres vindo do nada e ires para o nada, és o nada."

E não é que (em termos globais e na perspectiva dos bilões de seres que habitam o planeta) sou mesmo? Sou importante para mim e para mais uma dúzia de pessoas. Não estou à espera duma enchente com direitos televisivos no meu funeral. :)

"E eu quero que o Amor seja a maior prioridade, a maior conquista, e o meu maior privilegio. :)"

É a tua escolha (e nada do que disse invalida que seja também a minha, ou será que de repente ficámos burros?)mas não invalida oq eu disse - Toma atenção pq qdo o tiveres vais ter tendencia de te aperceber novamente do seu significado qdo o perderes.

Não te quero sonegar o teu universo lírico, pq escreves bem.
Peço-te que não sejas tao precipitada na análise do que escrevo. Ou então escrevo mal e não consigo exprimir a ideia correcta, e isso eu não queria, pq qdo escrevo gosto que se entenda oq eu quero dizer.

 
At sábado, 07 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Eu sou uma quimérica, possivelmente. Gosto de estampar a realidade de uma maneira que me delicie. Concordo com o que dizes, que o amor é respeito, uma amizade infindável, aliado ao instinto sexual. Mas gosto de dar um significado a isso tudo, mais sublime. Porque o amor é alguma coisa que por muito que tente definir está sempre a surpreender-me. É isso tudo, que já sei, que já sabemos, e muito mais que quero descobrir. Não quis parecer dogmática, até porque não o sou. Também não é meu hábito tirar conclusões precipitadas. Mas é difícil conhecer-te apenas por palavras. Então inclino-me a analisar-te de modo incompleto. E também sei que tenho propensão a ser do contra quando vejo que a outra pessoa dá sinais de ter tantas certezas, sobre coisas que considero incertas. Ou melhor, prefiro falar com um agnóstico, do que com um céptico. Porque para mim o amor, como tantas outras coisas é um assunto aberto. Relativamente à minha vida, é tudo aquilo e muito mais, com umas pitadas de significado. E do trabalho a casa e de casa ao trabalho eu sei como tornar o meu dia interessante, e diferente, porque lhe junto conteúdo. E fica tranquilo, porque eu até te percebo (sorriso simpático). E explicas-te muito bem. Mas tal como eu, também tiras conclusões precipitadas. Não sou iluminada no sentido de ser brilhante ou vidente ou profeta e também não sou um cordeirinho (isto não de certeza). Posso andar na multidão quando saio ou entro no metro. Mas lá porque se palmilham os mesmos trajectos não significa que se sigam os mesmos caminhos. Sei o que quero tirar desta vida, sem que o tirar implique roubar. Sei o que quero aprender, o que quero dar aos outros. E neste sentido acho que sou luminosa. É no escuro que te apercebes de quem brilha.

 
At domingo, 08 janeiro, 2006, Anonymous Anónimo said...

;)
Só te quis fazer ver que às vezes pensas que outras pessoas são limitadas, qdo elas te consideram a ti a limitada. Tu és "os outros" para os outros.
Mas eu gosto destas tertúlias onde se fala e fala e n se chega a nenhuma conclusão. É bom para passar o tempo.
Beijinhos e parabens pela tua forma de escrever.
Eqto que eu acho q tenho mto conteúdo, acho que pelo contrário tu tens mta forma. Talvez seja por isso que me chamam convencido. Será?

 
At domingo, 08 janeiro, 2006, Blogger Luísa Santos said...

Não tenho o dom da palavra - nem falada, quanto mais escrita. Para dizer a verdade, não tenho dom algum. Sou apenas alguém com muita curiosidade acerca de tudo o que me rodeia. As coisas materias, físicas e explicáveis por palavras tiradas de um dicionário mas também as coisas imateriais que não alcanço (por ingenuidade, excesso ou falta de sensibilidade, não sei. Não tenho respostas).

Li esta definição de amor. Algo que para mim me parece terrivelmente complexo e por isso não consegui comentar quando li. Talvez pq acredite que tem tanats nuances e explicações mas nenhuma me convenceu até à data, por palavras. Ontem falava com a Maria, uma pintora anónima que fala de amor sem usar esta palavra. A certa altura, disse-me que não sabia o que é arte (ela que pinta compulsivamente e cujas telas invadem os lugares pelas cores, pelo pulso de aço, pelas vibrações). Disse-me que a arte, para ela, era dizer a verdade, a sua verdade. Era ser honesta. Primeiro consigo. depois com os outros. A Sofia escreveu com honestidade e com a sua verdade e, por isso, acreditei nela. Acreditei que o Amor é tudo isso. É só isso. Para ela. Para ti será outra coisa. Para mim ainda outra. Talvez. Já disse que não tenho respostas.

Se as palavras da Sofia são cheias de conteúdo ou de forma, não posso opinar. Porque sou só uma curiosa. Nada mais. Para mim, as palavras da Sofia que conheço não só deste texto sobre esta palavra tão estranha e difícil de definir, são Cheias. De forma? De conteúdo? São cheias. E enchem quem as lê. A todos? Não sei. A muitos, certamente. Sou uma das pessoas privilegiadas / sortudas que fica contagiada por estas palavras Cheias.

Se a minha opinião vale de alguma coisa ou não pouco importa. Mas parece-me que os vossos comentários são também cheios. De forma e de conteúdo.

Já agora, Obrigada Amiga por teres respondido à minha pergunta.

 
At domingo, 08 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Nao te esquecas que tu também és os outros para os outros. Enquanto que eu acho que tenho muito conteúdo, acho que pelo contrário tu tens muita forma :) :P
E eu nao te respondo para passar o tempo. Respondo-te porque acho que mereces.

 
At domingo, 08 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Amiga :) Já Einstein dizia que não tinha nenhum talento especial, que era apenas curioso. A curiosidade move montanhas. :) (Ou será que é o Amor?). Eu sou uma privilegiada por ser tua amiga.
Muitos beijinhos.

 
At domingo, 08 janeiro, 2006, Blogger Sérgio Mak said...

Abençoado Kleenex, que salvas tipos sentimentais como eu...

 
At segunda-feira, 09 janeiro, 2006, Blogger Z said...

Ahahaahaha...

 
At segunda-feira, 09 janeiro, 2006, Anonymous Anónimo said...

Amor é dor k nos dá prazer...ás vezes solta, por vezes presa...é voo, é arte!
Amor...existe!

 
At terça-feira, 10 janeiro, 2006, Blogger Luísa Santos said...

"Amor...existe!" (Frederico) Amor. Faz existir. Sentir. Sorrir. Gargalhar. Rir. Chorar. Soluçar. Olhar. Ver. Sentir. Respirar. Calor. Frio. Outono. Primavera. Verão. Outono. Inverno. As estações juntas numa só. A confusão. A abstracção. A certeza incerta. O pensamento. As cores numa desordem estupurada.

Agora parece-me que talvez esta descrição que pensei corresponda mais à paixão do que ao Amor.

 

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